segunda-feira, 30 de junho de 2008

Ser Mulher na Diversidade Étnica

A mulher tem ampliado o ‘seu papel’ fora do ‘lar-doce-lar’ e conquistado o mercado de trabalho. Além de dona de casa, mãe e esposa, a mulher assumiu outras possibilidades profissionais. Professoras, médicas, magistradas etc são especialidades no contexto da mulher. Esses espaços foram conquistados com lutas! Queremos igualdade de direitos! Mas, essa realidade, em quase sua totalidade, não corresponde e não abrange todas as mulheres. As profissões acima citadas fazem parte de um Mercado de trabalho com características distintas. Mas, qual classe de mulheres ocupa tarefas como faxineiras, empregadas domésticas [em turno duplicado], cozinheiras, ajudantes e/ ou auxiliares de produção, catadoras de lixo etc? Qual é a situação econômica desta classe de mulheres? Se o homem branco tem renda, em geral, maior que a mulher branca e esta ganha um pouco mais ou igual ao homem negro, essa vantagem de renda não é aplicada à mulher negra e/ou parda. É sabido que a mulher negra-parda está no fim da escalada social.
Na África, nas Américas e na Europa, as mulheres negras (no Brasil negra-parda) sofrem todo o tipo de abuso (moral, intelectual, sexual, social, no mercado de trabalho etc) e é preterida perante outras matizes formativas do gênero feminino mundial. Não queremos, no entanto, dizer que somente a mulher negra-parda vive essa situação de dupla discriminação, mas quero enfatizar que o turbilhão ocidental, que veio estereotipar, rotulou essa matiz feminina como sendo inferior e não imitável para Ser Mulher. Claro que há focos tímidos de mulheres negras-pardas com um relativo sucesso nos EUA, na Europa e no Brasil, contudo, elas devem se adaptar ao sistema que estereotipa o padrão de comportamento de ser mulher, i.e., mulheres negras devem parecer e agir como mulheres brancas. Devem superar a marca distintiva de sua cor e etnia.
A mídia neste contexto assume o papel de estigmatizar o diferente e o heterogêneo. Nas novelas, comerciais etc dão-se o exemplo de pessoas que devem ser imitadas em detrimento àquelas que não estão em evidência ou são simplesmente ignoradas. Um silêncio sociocultural inquietante e ensurdecedor não? A mídia modela a sociedade e a mulher negra-parda se torna uma caricatura folclórica no papel de empregadas ou passistas do carnaval. Elas [‘as mulheres de cor’] são tidas pela cultura social ligadas ao subemprego, à ignorância e à pobreza econômica e estética... Essa ideologia se expande para outras categorias sociais e a mulher (não só a negra) se encontra numa relação mulher-cônjuge, mulher-empregada, mulher-objeto sexual, como, em geral, a mulher-explorada pelo meio e o fim social.
Quando percebemos esta situação, pela ótica do Reino de Deus, é impossível não termos uma voz profética. A Igreja de Cristo não deve ‘tomar a formar’ (Rm. 12.1 ss) deste padrão social. Os modelos europeu/ norte-americano são também modelo de Ser Mulher, mas não superiores aos outros (Africano, Indígena, Latino ou Asiático). A nossa missão e prática ética não admite sermos coniventes com um sistema que retira a identidade de uma pessoa entre outras. Sua Igualdade em diversidade necessita ser preservada dentro da raça humana. Nossa voz missionária e a nossa voz profética necessitam está em sintonia com a realidade social, não somente da mulher negra-parda, mas com a nossa gente brasileira, multi-étnica e plural. Que Cristo nos faça Um na Diversidade Étnica Humana!

Autor: Marcos José Martins

(Um dos textos ganhador do Concurso Novos Talentos da Revista Voz Missionária)