quarta-feira, 2 de julho de 2008

A Identidade Pentecostal no Testemunho e na Liturgia

Teologia do Testemunho:
A Construção da Identidade Periférica Pentecostal a partir do Testemunho e do Culto

Não se busca fazer ou construir uma teologia pentecostal somente pela intelectualidade e pela razão – esses dois passos são essenciais, mas não existenciais. A teologia pentecostal brasileira (ou uma tentativa de ter uma teologia pentecostal) é construída e constituída – apesar da matiz fundamentalista norte-americana – a partir do testemunho pessoal. O testemunho é coerente não por sua dialética racional e sistemática (e pasmem – nem fundamentalista bíblica, a priori), mas a partir de outra dimensão da inteligência humana – a inteligência emocional. Alguns poderiam questionar o “emocionalismo” pentecostal, mas a emoção faz parte da construção de uma espiritualidade não-sistematizada teologicamente, mas emocionalmente construída para ser existencial.
O cerne da teologia pentecostal brasileira está nas entrelinhas do testemunho e da palavra pregada, cantada e vivenciada no cotidiano dos fiéis. Nessa busca de estabelecer uma marca existencial – não para quem está fora observado – mas para si mesmo, o fiel constrói a sua identidade religiosa, através de sua experiência com o divino. Apesar das situações conflituosas, o testemunho e o canto estabelecem a relação do fiel com Deus. Sua prática litúrgica não está relacionada com sistemas eclesiásticos pré-estabelecidos, mas com práticas que amenizem seus sofrimentos e, em movimento de expansão, determinam o devocional diário e o culto público do fiel pentecostal.
Claro que esta prática litúrgica não somente forma uma identidade religiosa, mas também fornece – mesmo que temporariamente – uma identidade social. A anomia social (falta de uma identidade social especifica) vivenciada pelo pentecostal no macrocosmo (mundo secular – dizem os pentecostais) é amortizada quando o seu testemunho é ouvido por Deus e por todos no ambiente fraterno do culto (microcosmo). Testemunhar é ter a oportunidade de ser ouvido. A atenção de todos ao testemunho é primordial para legitimar o fiel como pessoa dentro da comunidade. Na sociedade, no trabalho, na família etc muitos o ignora, mas na liturgia espontânea ele é ouvido, compreendido e reconhecido. Sua anomia social desaparece, sua voz é ouvida e sua teologia (forma de compreender Deus) é legitimada (não quero entrar no mérito se a teologia é boa ou ruim).
Testemunhar é essencial para todas as expressões cristãs, mas para o pentecostal, testemunhar é mais que essencial – é existencial! Os sistemas litúrgicos são coerentes para as igrejas históricas, mas o fiel pentecostal não perderá o seu sono se não for liturgicamente correto. O pentecostalismo rompe, a princípio, com as práticas cúlticas de outras denominações protestantes históricas e instituem um novo e inusitado “jeito” e projeto de ser igreja. A liturgia do fiel pentecostal é cercada pelo forte apelo testemunhal e pelos carismas pessoais dos leigos – incluindo o próprio líder eclesiástico.
É fato que essa liberdade litúrgica dos pentecostais sempre será alvo de crítica. Mas, podemos nos colocar nesta discussão de modo panorâmico e questionar: Quem pode ou não estabelecer o padrão do culto cristão? Por que se advoga que o padrão europeu ou norte-americano de liturgia é superior a qualquer outra forma de expressão cúltica? Por que as expressões cúlticas cristãs indígenas, latinas, asiáticas ou africanas só podem ser vista como inferior ao padrão europeu-americano de culto? Por que a forma de orar, cantar, testemunhar e pregar fora do padrão europeu-americano se torna inapropriada para o culto cristão se for feito por pentecostais?
É interessante notar que nem os pentecostais são coerentes com as criticas que fazem acerca da forma européia ou norte-americana das igrejas protestantes históricas realizarem a sua liturgia e nem as igrejas protestantes históricos estão dispostas a compreender o carisma do culto pentecostal baseado no testemunho da fé singela dos/as fiéis. São formas distintas de culto, mas são cultos legitimamente cristãos. A liturgia do fiel pentecostal não é validada pelo que já foi, mas pela possibilidade daquilo que pode vim a ser. E, como toda a eclesiologia tem limites e potenciais, não se pode negar que o culto pentecostal seja uma expressão do culto cristão. Kyrie Eleison! (Senhor, piedade)

Autor: Marcos José Martins – Evangelista da AD Taboão/ SBC, teólogo.

2 comentários:

Unknown disse...

EXCELENTE ARGUMENTAÇÃO SOBRE O PETECOSTALISMO!O BRASIL PRECISA MESMODE ALGUÉM QUE FALE BEM DO PESNTECOSTALISMO, PQ JÁ ESTAMOS EMPANTURRADOS DE CRÍTICOS! PARABÉNS...SHALOM! PR CROCE!

Unknown disse...

oi marcos gostei do seu blog Deus te abençoe cada vez mais e te de mais e mais entendimento para falar das coisas de Deus...
abraços
visite tbm meu blog
jeitinhodeviver.blogspot.com